Pra variar comecei a escrever um postzinho e virou postzão, mas acho que ele, modéstia parte, ficou muito bom. Lets, Bridget Jones, shaw we?. Na verdade não vou falar da Bridget especificamente (adoraria, e quem sabe in the future), mas vou falar de nós e como a gente se coloca esses planos de atrair situações diferentes nas nossas relações e o que acontece quando somos codependentes e também vou falar um pouco da minha jornada amorosa!
Quem ai se identifica com essa imagem? Eu respondi suspirando: Ai, como eu amo a Bridget Jones. Ela foi muito musa pra muitas nós de toda uma geração, não é mesmo? Eu fui MUITO fã. Juro! Ao ponto de ter sido o único filme que eu tinha o cartaz colado no meu quarto até os 24 anos de idade mais ou menos. E agora, quanto mais aprofundo minhas pesquisas internas e externas, sobre codependencia emocional, eu entendo mais ainda o porquê disso.
Eu amei essa imagem, primeiro porque me lembrou dela e do filme, e me deu vontade de assistir de novo, mas também porque essa é uma cena tão clássica. Quem já não escreveu algo parecido no seu diário, já não fez afirmações, já intentou e se botou novas metas?
Eu achava que estava em busca disso. E sabe gente, uma coisa a gente precisa entender é que: a gente sabe muito pouco sobre nós mesmas. A gente acha que está mirando em uma coisa, mas está agindo de maneira completamente oposta. Calma! Isso não é pra te machucar. Mas é para te dizer que: “Peraí, nisso tudo tem muito mais do que você imagina”, e tem coisas rolando dentro de você que na verdade talvez você nem tenha percebido ainda…
Eu demorei MUITO tempo para perceber que só me enredava com todos os tipos descritos na imagem. Eu demorei tempo pra perceber “Hello, eu posso ter algum “problema”, quando dois dos meus grandes relacionamentos foram com pessoas com vícios em drogas”. Por muito tempo achei que era destino ou uma coincidência, sabe? E isso mesmo quando eu já estudava muito autoconhecimento. E claro, como eu também já estive no mundo das drogas, pensava que isso me dava uma vantagem pra lidar com aquelas pessoas. Que eu estava ali, porque eu era tão fofa e iluminada e poderia ajudá-los.
Mas pegando a minha vida amorosa toda, não foi só isso, além dos viciados em drogas, teve os viciados em trabalho (como eu já fui), teve os comprometidos, do tipo, “ops, descobri mais tarde”. Eu já paguei aluguel de namorado que nem morava comigo, teve o professor 26 mais velho e eu menor de idade, teve histórias abusivas, teve os caras distantes, estranhos inacessíveis, teve os badboys de todos os tipos, teve relacionamento platônico de mais de um ano, teve até um ex-presidiário e teve também os longos e muitas vezes constrangedores (com a consciência que eu tinha me sentia muito mal por isso) tempos sem ninguém. Teve a coisa toda.
Ah, também teve os que se apaixonaram loucamente por mim e que eu fiquei um tempo que eram aparentemente legais, mas no fundo eu sabia que não queria nada com eles, e esse assunto é bem interessante também, porque tem muita coisa aí sobre padrões nas mulheres que fazem isso, e que quase ninguém fala (querem que eu fale, se identifica?! já fez muito isso também?). Ah, e devo acrescentar que as “sogras” todas me adoravam, afinal eu estava super ajudando, para não dizer, tentando “salvar” o filho delas.
Então vamos lá entender um pouco sobre isso: Quando temos comportamentos codependentes, enraizados na nossa forma de nos relacionar – ou desde a infância ou adquiridos ao longo da vida, quer a gente saiba ou não que agimos assim – quando encontrarmos a pessoa(ou pessoas, em quaisquer situações) legais, as chances são muito grandes da gente: 1) achar um tédio 2) nem perceber essa pessoa. E é aí que as nossas metas bem intencionadas a la diáriozinho da Bridget vão pro saco.
Ou então, achamos que escolhemos a pessoa legal, mas é quando a gente olha pra nossa vida amorosa, ou até me outras relações, e olha pro estrago e pensa: “Putz, sério? De novo? Eu jurava que tinha escolhido diferente dessa vez”.
Geralmente a nossa história fez a gente associar amor a coisas estranhas, confusas, embaçadas, turbulentas e dolorosas. Adicione a receita “Para se associar a relações tóxicas” a nossa apurada e bem desenvolvida “alta tolerância pra o sofrer” (fique de olho nisso em você! estamos dispostas e abertas a sofrer pra ter alguém!) por termos nos tornamos muito boas em fingir que a dor não existia. E fingir que a dor não existia, ou existe, fez com que a gente tenha se dessensibilizado dela (temporariamente – é reversível, aos poucos) tanto emocionalmente quanto fisicamente. Então quando estamos de frente pra ela: nem percebemos. Não percebemos que estamos em situações que geralmente uma pessoa com padrões mais saudáveis de entendimento de amor, sairia literalmente correndo! Mas nós não. Sabe o que a gente faz o que? A gente pensa assim: ” Vou me esforçar mais um pouquinho. Só mais um pouco, na próxima vai”.
A verdade é que: No fundo queremos salvar, consertar ou mudar a outra pessoa e isso nos faz nos sentir especiais, e também de alguma maneira substitui a nossa tarefa de termos que nos amar a nós mesmas (pleonasmo?). Se estamos focadas no outro não precisamos focar em nós, e se o outro me acha especial ou eu acho que sou especial para o outro porque o ajudo, salvo ou estou no projeto “te fazer um ser melhor”, eu posso fazer o que, sem quase ninguém perceber, principalmente eu mesma, o que eu mais desejo: fugir de mim. Fugir de ficar comigo. Fugir de ficar com todos os sentimentos do passado que por mais que tenhamos “nos dessensibilizado”, estão dentro de nós pedindo socorro, pedindo colo. Eu posso fugir da tarefa de real-oficial: me dar colo. E que ainda não sabemos fazer. Porque não recebemos, não nos ensinaram, não nos mostraram, e nem sabíamos que merecíamos ou poderíamos.
Então temos que estar atentas a nossa ligação forte com o conceito: “Meu amor vai salvar, vai mudar, vai consertar…” ou “É só eu amar mais pouquinho, tolerar mais um pouquinho, ser um pouquinho mais compreensiva” (Explico essa relação do amor que salva no post sobre papel de filha!). Então o cara bacana, que não precisa ser salvo, não funciona pra nós porque não aciona a adrenalina do DESAFIO. Não estamos bem em busca de amor e calmaria como acreditamos, estamos em busca de algo pra superar, que deixamos em aberto lá de trás. O pessoa legal não rola tanto porque “nosso amor tem que salvar” não cabe.
E na verdade, a parte mais interessante e mais difícil de se perceber quando estamos nos recuperando desse tipo de comportamentos é que: usamos tudo isso a nossa favor. O que Ariana? Eu não posso estar usando isso a meu favor. Sim, my precious, usamos de certa forma como proteção porque temos: medo. (abraço na gente!) A gente usa o problema dos outros pra disfarças nossas dificuldades de envolvimento e intimidade, e não é por mal, mas fazemos isso, e precisamos olhar pra isso, com amor e carinho. A gente usa uma relação difícil como um escudo que não deixa ver o que tá por debaixo, o medo do amor, o medo da entrega e da falta de controle. Como o obstáculo, a conquista, fica tão grande, nem dá pra ver que um dia se realmente fosse bom ficar com aquela pessoa, não saberíamos o que fazer. Ficamos viciadas nessa parte turbulenta, porque acalmaria parece “doer” ou incomodar mais.
Precisamos olhar pra nós mesmas e encarar que não aprendemos muito sobre intimidade, sobre comunicar o que sentimos de verdade, sobre nossas verdadeiras necessidades, que não aprendemos quase nada sobre conviver em paz e que não aprendemos a lidar com nossas emoções, apenas aprendemos a controlar elas (porque foi preciso controlar, e aí quando examinamos nossa história vamos entendemos nossos porquês). E com isso entender que hoje buscamos situações não para amar, mas para controlar. Não buscamos uma relação emocionalmente espontânea. Então relações com pessoas problemáticas são pratos cheios por que antes de mais nada elas precisam, elas pedem para serem controladas e melhoradas. E/ou também relações instáveis exigem que de novo nós controlemos o que sentimos, e essa dinâmica emocional é tão familiar para nós que de alguma forma é confortável que nem percebemos.
E sabe um coisa MUITO LOUCA que eu percebi sobre mim depois de começar a estudar sobre codependencia e até agora bate forte aqui no meu coração? Eu percebi, que eu nunca, juro, nun-ca, tinha parado pra me perguntar sobre nenhum cara que eu fiquei, me relacionei ou namorei, a simples pergunta: “Essa pessoa me faz me sentir bem?”. Gente, eu fiquei cho-ca-da. Eu tinha estudado tantas coisas, mas era tão inconsciente que dê tudo eu não focava no principal, no básico. E era porque: eu nem sabia que isso estava em jogo. E talvez, você também não tenha percebido que nem sabe que isto está sim em jogo. Eu, inconscientemente, nem percebia, que merecia isso, que era digna disso, que isso poderia ser algo normal.
Geralmente a minha pergunta era: Ele me ama? Ele gosta de mim? Vou conseguir conquistá-lo? Ele precisa de mim? Eu posso mudar esse jeito difícil dele? Ele me faz me sentir num jogo? Isso é um desafio? Como posso me sentir no controle aqui? Foi (e está) sendo extremamente curativo, perceber que talvez tenha vivido a minha vida toda feito MUITO POUCO essa pergunta em muitas outras relações também. Saber se eu de fato gosto e me sinto bem com alguém é algo relativamente novo.
Outra coisa que acontece muito, e que usamos pra disfarçar o quanto tememos a intimidade real e que também pegou fundo no meu coração, foi perceber como eu usava o sexo. Sexo sempre foi mais fácil pra mim. Usei tantas vezes sexo para disfarçar como as coisas não eram tão boas assim entre eu e uma pessoa, outras usei sexo pra controlar e ser amada, merecer atenção ou carinho. Usei sexo quando na verdade queria era ser abraçada. Usei sexo pra me sentir superior a outras mulheres, e até pra competir com o próprio cara. E as vezes a gente pensa: “ah, o sexo é tão bom com essa pessoa” que pensa que o resto vai se encaixar naturalmente. E muitas vezes não é bem assim, se tirar o sexo, não sobra nada. E gente que fique claro aqui que não estou dizendo que não acho que a gente possa ter uma relação só de sexo com alguém se a gente quiser, masssss, que a gente saiba que é apenas isso. E não misture outras coisas. Precisamos aprender a saber o que queremos de cada relação. Se é só sexo o que você quer, okay. Saiba disso, de verdade. E observe como você se comporta se condiz com isso. E aprenda a se proteger (literalmente, aprenda, leia, faça cursos sobre limites porque é um dos grandeeees ingredientes da recuperação da codependencia emocional).
Saibamos também que muitas vezes para algumas pessoas os comportamentos codependentes podem ser passageiros, e elas se curam/recuperam sozinhas. Mas pra maioria de nós, não. Para muitas de nós é praticamente a única forma que sabemos nos relacionar. E mesmo que a gente possa culpar o mundo pela impossibilidade de: apenas termos o que queremos – amar e sermos amadas, vamos precisar olhar se no fundo a gente quer realmente isso e sabe o que é isso.
E tá tudo bem. Depois que vamos tomando consciência é importante nos lembrar que esse é justamente o nosso ponto de partida da jornada mais real da vida: a jornada de volta a nós mesmas. Pra ficarmos sozinhas e sermos totalmente-independentes-não-preciso-de-ninguém? Não. E eu gosto de explicar sempre que você pode ler isso a palavra CODEPENDENTE e se ver como uma pessoa “independente, sem carências” e que não é do tipo que vai atrás de relações toda hora. Afinal a palavra “codependencia” vamos combinar não ajuda e te leva a pensar em alguém dependente, alguém que admite explicitamente suas carências. Mas muitas vezes as codependentes geralmente são as fortonas isoladas a muito tempo. Leia o post em que explico que estamos tão desconectadas do nosso sentir que não sentimos a nossa carência. Mas ela está ali sim só temos muito medo de sentir.
Então para finalizar, algo importante. (Sim, se me deixar vira livro). Depois que vamos entendo um pouco mais sobre codependencia e essas dinâmicas, vai ficando claro: os parceiros que nos atraem demonstraram, geralmente, na primeira interação seus grandes “defeitos” e o que lá na frente iria fazer a gente sofrer (no “mulheres que amam demais” ela descreve muito bem isso). E é louco, mas é justamente, aquela coisa que vai fazer a gente sofrer lá na frente, que no início os tornaram tão atrativos pra nós. É inconsciente. Sem você perceber ele deu sinais claros no comportamento, deixou várias dicas. Sabe assim quando você não entende de um assunto vê de fora e parece algo simples e depois que aprende vê o quão complexo é? Tipo eu com cerâmica, eu vejo uma peça e penso o quanto levou pra fazer, lixar, esmaltar, queimar, coisas que se você não entende do assunto nem percebe né? Quando você entende sobre codependencia, começa a ficar claro para você como nas primeiras interações estava tudo lá sim, você consegue ver muito mais claramente.
E isso é muito bom, porque nos mostra que tudo é aprendível. Tudo isso que citei aqui que não aprendemos, e faço questão de usar esse termo, não foi porque viemos com defeito de fábrica, como nós pensamos, e sim apenas porque não aprendemos, não vivemos aquilo ainda pra saber. Igual comida boa, se você não comeu, nem nota quando está comendo porcaria, mas depois que sabe o caminho do que é bom, nunca mais ninguém vai poder tirar isso de você… e isso é um excelente notícia. “Só” precisamos ter paciência (e até pra ter paciência é preciso aprender como ter paciência, com paciência, eita) com nós mesmas, perdoar os nossos erros, e seguir, porque é assim que se aprende algo novo.
A questão toda é amor próprio. Eu sei é clichê (como eu odeio clichês). Mas o dia que fincamos o nosso pé nesse caminho, tudo começa a mudar. É uma longa estrada pela frente? Sim. Cheiaaaa de altos e baixos? Sim! Vamos precisar de apoio? Com certeza! Mas aos poucos, mesmo que pouco, esse pouco começa a mudar tudo.
Espero que esse texto tenha te ajudado e como sempre: 1) eu quero muito saber se você gostou, se fez sentido, deixa comentários pra mim aqui embaixo. Fale coisas, rs! 2) se gostou, te peço para me ajuda a divulgar essas palavras e conhecimento se fizer sentido pra você! Obrigada! 3) E eu estou preparando mais materiais sobre esse assunto e se você quiser saber mais quando sair assine a minha newsletter aqui do lado, pra eu poder te avisar!