Continuando o post: Parte I: pratos cheios e pegadinhas para nós fortonas ou não:
Essa segunda mensagem – aí em cima – Jisuis, me pega forte no peito, e nem vou escrever aqui sobre ela porque vai ficar pra muitos outros posts sobre isso, que estão aqui dentro da minha cabecinha e do meu coração! Esse é um tema muito BIG disso tudo! OMG, mas já queria dizer que nos comentários de vocês que tenho recebido me parecem muito que muitas de nós fortonas passamos por algo similar, então acho que a gente pode ter conversas muito legais sobre isso.
Então, te peço, leia as primeiras frases e me conta você se identifica com isso?!
Demorou muito tempo pra entender que houveram violações deste sentido, como papéis se inverteram da dinâmica da minha família e todo impacto que isso teve na minha vida. Algo muito precioso é rompido quando isso acontece num lar e é um tipo de abuso, sim, infelizmente – sem querer culpar ninguém, porque agora é nossa responsa, mas também sem querer te tirar o direito de ficar ou não com raiva disso. As vezes é muito importante sentir a raiva e botar pra fora mesmo. Por isso é tão bacana a gente buscar a ajuda* devida.
A terceira mensagem é esta e eu achei bem interessante (pra não dizer dolorida, mas real) porque em poucas palavras ela fala de algo poderoso. É verdade é dói muito, pelo menos pra mim, admitir, mas sei também que quando admito sou mais eu, sou mais dona de mim, e sinto que ganho mais espaço pra existir, que é admitir o quanto existe de medo e inabilidade de estar estável e intimamente presente com “o outro”. O medo de uma real intimidade, o medo de ser conhecida verdadeiramente, o medo de só ser e relaxar com o outro. Existe uma ansiedade, que faz a gente agir de formas contrárias ao nosso mais puro desejo, e aí dizemos que é o outro o problema de muita coisa não ir pra frente, fica mais aceitável pela sociedade, fica mais fácil lidar, e mesmo que outro seja mesmo um FDP ou um problemático de qualquer outro tipo, ou talvez, provavelmente apenas só mais um codependete, o mais difícil é admitir isso pra nós mesmas.
Porque tomar a autoresponsabilidade disso pode ser muito difícil quando não vemos uma luz no fim do túnel, sabe? Imagina: porque você admitiria algo que acha que não tem solução pra si? Achamos que é melhor brigar e brigar e tentar nos forçar. Ao meu ver isso e o medo de não sermos aceitas (novamente), é o que dificulta admitir qualquer coisa: é o medo de e aí, depois que eu admito o que faço? Eu entendo.
Mas agora, saiba, que admitir nossas fraquezas é bom. E que tem muita coisa que pode ser aprendida nessa vida, eu diria que talvez tudo, e você pode aprender a se relacionar de outra forma com você e outros. Mas acredito que antes de mudar, e isso é só minha opinião, é importante admitir começando por nós mesmas, aquilo que já sabemos, mas não dizíamos nem pra nós. E claro, é muito bom depois disso saber que não somos as únicas e que tudo isso tem um por quê e que tá tudo bem.
E por último queria lembrar que tanto nesse livro como no “codependencia nunca mais” se fala de render-se a uma vontade maior e da força da espiritualidade como cura, e quero atentar para também lermos isso com cuidado. A espiritualidade tem uma cara que se vende desde o começo dos tempos, e eu tenho falado ainda pouco sobre isso porque não deu tempo, mas podemos nos enganar num caminho espiritual e nós afastarmos mais de nós mesmas e isso se chama Spiritual by Pass. Então acho importante a gente entender que antes de tudo o principio espiritual a que se refere aqui, ao meu ver é largar o controle e render-se um pouco mais a vida, e isso não significa estar a deriva (disfarçadamente querendo que alguém nos salve), mas sim nos cuidando e nos amando, colocando nossos limites, falando o que sentimos, nos expondo e sabendo que se estivermos focadas em nós isso é suficiente, e que no próprio caminhar os caminhos se farão. Render-se a vida, e render-se a si…. a gente vai entendendo mais disso enquanto caminha!
Espero que tenha te ajudado e tô louca pra te ouvir, me conta nos comentários, como foi essa leitura pra você, como tem sido seu processo e seguimos aqui juntas falando desse tanto de coisa que a gente ama!
Alguns adendos:
*sobre ser filha e papéis trocados: já leu a carta que escrevi no dia das mães sobre o que é ser filha pra mim?
*tudo que eu achar bacana: livros, cursos, pessoas, grupos de apoio eu vou indicando aqui aos poucos porque estou com muito conteúdo pra escrever sobre e não dá tempo de fazer tudo… então devagarzinho vamos incrementando a conversa!
*sobre buscar a ajuda devida: um dos temas que quero escrever sobre é como buscar terapia e ajuda. Porque tem bastante roubadas nisso – e eu já vivi algumas – tem gente que não tá preparada mesmo trabalhando a anos na área, tem muitas abordagens e você tem que escolher algo que te faça sentido e que mesmo te faça mesmo que entrar em lugares desafiadores, te faça se sentir segura, amada e apoiada.
Faz um pouco mais de dois meses que sai de um relacionamento abusivo e a parte de olhar pra mim e da auto responsabilidade foi/esta sendo um desafio. Olho agora o meu ex como um grande espelho da vida pra mim mesma. Me enxerguei codependente e agora, como vc, to buscando conhecimento e acolhimento. É um processo. Obrigada por compartilhar 🙂
Olá, Ari! Foi fazendo uma constelação familiar recentemente que vi o quanto estava no papel de cuidadora dos meus pais e, como consequência, vi o tanto que estava deixando minha vida de lado pra cuidar da vida da minha família. Foi libertador me dar conta disso, mas ao mesmo tempo muito dolorido dar de cara com minha própria vida meio que abandonada e à espera de mim…
Oi Ari querida! To aqui de novo! 🙂
Primeiro queria dizer que quando comentamos aqui, precisamos voltar no texto pra ver a sua resposta, talvez isso possa atrapalhar a comunicação, ou não.
Sobre o texto, a minha codependencia eu percebi também com a minha mãe, você acho que nós precisamos falar sobre isso com a pessoa? Você acha que é importante ou não? Outra coisa que a minha fortona me diz, é que se eu falar sobre isso com as pessoas é como se eu me colocasse no lugar de vítima… se acredita? Rs
oi Maria Clara. Minha codependencia também é com minha mãe. Eu consegui me declarar como co dependente e não acho que é me colocar no papel de vítima e sim no papel de “preciso me cuidar acima de tudo”. Ainda estou no caminho, procurando formas de sanar isso. Bjss!
Olá Micheli, obrigada por compartilhar. Eu tenho focado muito em me cuidar e acolher também. Tem me ajudado bastante.
Eu fico refletindo se conversar com a pessoa envolvida, ajuda no processo, entende? Pq no fundo eu sei que sobre mim e não sobre ela.
Putz, Maria, achava que você recebia um email comunicando resposta… já resolvemos isso, colocamos opção de na hora de comentar receber ou não um email acusando resposta, acredito que não vai acontecer com essa msg, espero que você leia! Essa sua dúvida eu tinha total, e tu tá já me dando ideia pra um texto, posso contar melhor como tem sido a minha experiência sobre isso. Mas posso já adiantar que pra mim não funcionou falar, foi melhor eu ir mudando minha atitude, e é difícil porque no começo vamos sentir culpa, não estamos habituadas “ao normal” então temos que entender melhor também o que significa ser filha. Quero escrever mais sobre a minha experiência com isso, espero que ajude ;). Agora sobre a segunda pergunta, não sei se te entendi… falar com outras pessoas, seria a pessoa que diretamente você tem o problema ou falar com seus amigos buscando apoio? Adooooro te ter por aqui lindona! beeeijos!
Oba! Escreve sim, please.
Eu quis dizer falar com as pessoas envolvidas na codependencia.
Pelo o que entendi, você falou e não resolveu muito, né? Eu fico pensando se é uma fase importante ou não.
Tb me sinto muito feliz em poder compartilhar isso com você! ??
Oi Ari, querida!
Na primeira mensagem desse texto eu não me enxergo mas consigo enxergar um monte de pessoas que se “enquadram” nisso. E isso eh uma característica minha. Sou sempre a pessoa que tá bem e com os outros que não estão. Isso também eh uma caracteristica de codependencia?
Gratidão <3
Aline
Ari, tô lendo todo teu conteúdo de uma vez e, caaaraaa, que loucura tudo isso, porque chega diretamente aqui dentro de mim, fazendo todo sentido, respondendo muito do que eu vinha questionando, reafirmando muito do que eu cogitava. Eu ainda quero sentar e te escrever com mais calma sobre tudo também porque é tanta coisa que preciso organizar dentro de mim pra exteriorizar. Muito feliz de te acompanhar novamente e de uma forma muito mais verdadeira e sem tabus! Valeu mesmo 😀
Olá. ..
Pela leitura de seus textos pude constatar que sou codependente… uma dolorosa constatação. Mas entender que muitos dos problemas que eu achava que estava na outra pessoa… na verdade está na minha visão distorcida da realidade. É libertador saber que posso cuidar mais de mim… sem me sentir egoista e que posso deixar a pessoa ser quem ela deseja ser… sem me sentir culpada por não ajudar! Gratidão