Vamos continuar o papo sobre codependencia! Estou adorando as perguntas – apesar de não ser especialista e estar apenas compartilhando o meu processo nos últimos anos – e tô adorando como muita tem gente tem descoberto sinais disso nas suas vidas. Mas antes queria esclarecer algumas coisas IMPORTANTES.
1) No livro “mulheres que amam demais – meditações diárias” (o de mensagens diárias que mostro neste post) o foco sempre é um relacionamento Homem + Mulher, mas quando você ler, leia como quiser okay? Pode ser qualquer gênero e também qualquer relação. Pode ser na família, no trabalho, nas amizades. E lembre-se a falta de relações verdadeiramente intimas também é um grande sinal.
2) Lembra que eu falei que via dois tipos de perfil? Um mais óbvio que são as pessoas mais declaradamente carentes e o segundo que, me encaixo, das fortonas-não-preciso-de-você-tá-tudo-bem-comigo-eu-me-viro-sozinha, então, eu quero muito falar sobre esse segundo grupo, porque era o que eu tinha dificuldade de entender, e porque é o grupo que menos imagina que possa ser codependente… e que eu acho que posso contribuir por me encaixar nele. Mas independente do que eu formos falando serve no fundo pra todo mundo, ou melhor, cada um lê e filtra o que te faz sentido e te faz bem (porque tem que te fazer bem!)
3) Apesar de dar o nome codependente, porque é preciso pra gente entender, eu não gosto de dar nomes, acredito que a gente é a gente, e se tornou “assim porque internalizamos uma forma de amor (bem!) confusa e dolorida na infância e carregamos muita culpa, muita COBRANÇA sobre quem achamos que devemos ser e nos esforçamos demais para estar numa relação – a ponto de muitas vezes nos afastarmos das relações pelo trabalho que elas dão para nós – sofremos com medo da real intimidade (uma dia nos damos conta que as pessoas mais próximas ou nossas famílias não nos conheciam de verdade) porque no fundo algo lá dentro grita que se alguém nos conhecer ou ficar de verdade pode não gostar do que viu, então entramos nas relações com uma finalidade com uma papel, entramos para ser útil para assim não perder ninguém.
4) Não quero ensinar nada pra ninguém, estou aqui pra compartilhar informações, meu processo, o que sinto, penso, e minhas ideias que vão evoluindo cada dia com intenção que isso possa trazer conforto durante o seus processos.
Agora vamos lá ou que queria dizer hoje, sobre a imagem da foto. O que temos que ficar atentas aqui é: A nossa carência! Esse lugar lindo que não sabemos que existe dentro de nós. Como toda essa panca, toda essa dureza, ou todo esse tipo “Vem cá: eu aceito tudo que você é eu não dou limites pras coisas que me incomodam, eu sou compreensiva” todo esse esforço nos faz não sentirmos a carência toda que nos habita. O foco é todo no outro e logo vou explicar porque. Mas antes peraí “Você disse que a carência é linda?”. Não… bem, eu disse isso, mas eu quis dizer que é lindo porque reconhecendo isso, a gente pode ir pra um lugar lindo dentro de nós, que é começar a entender sem pressão, sem pressa, sem cobranças que o velho clichê é clichê porque é a realidade: somos nós quem vamos preencher – em primeiro lugar. Descobrir a carência é entender que temos tentando preencher o vazio por fora e que agora cada vez que ela se apresentar podemos entender como um chamado por nós mesmas. Hora do colo ao invés das velhas cobranças e pesos.
Entender que muito daquilo que oferecemos pro mundo era uma tentativa disso. E que isso nos desgasta e nem percebemos. Essa energia é gasta a toa, porque na verdade a gente já tem coisas maravilhosas pra oferecer e não precisa se esforçar.
E perceber quando oferecemos porque na verdade estamos de um modo INDIRETO conseguir lá no final quem sabe receber algo de volta. Então silenciosamente sem que nem a gente saiba jogamos um jogo assim: eu vou fazendo por você, você vai me achando o máximo e ai eu tenho garantido que vou receber de volta de você. O que? Não nos permitimos saber porque não nos permitimos acessar que temos necessidades e que tá tudo bem querer, desejar, pedir. É que o querer ser amada de uma forma relax é algo meio que difícil pra nossa compreensão. E mesmo que a pessoa queira dar, queremos controlar como: porque ela não pode entrar muito, porque a gente tem um limite até onde pode ir… por causa do medo de não sermos aceitos realmente por quem se é.
Mas, ai qual é o problema disso, desse jogo que nem sabíamos que estávamos jogando? É que nos ressentimos quando não recebemos, é que o jogo é uma manipulação mesmo que inconsciente (E ei, tá tudo bem em fazer isso, na real não é sua culpa, isso teve que ser assim… você tava tentando ir em busca do que queria, e isso é bom, só que existe uma maneira mais prática e mais segura e saudável pra isso e mais feliz!)
Então estamos no processo de aprender muitas coisas novas para que o jogo deixe de ser necessário. Aprender sobre esse buraco dentro da gente, e acessar nossos verdadeiros desejos – e isso não é fácil não tá? Parece óbvio mas não é – pra estas coisas eu recomendo muito buscar terapia – depois quero dar dicas legais de florais porque eles ajudam a catalisar o processo de uma forma bem legal. Estamos aprendendo sobre limites, nossos contornos e o que é ou não aceitável pra nós – e omg, isso é mega importante e mega empoderador (odeio essa palavra, mas foi a que veio) – e vamos aprender a expressar nossas emoções, porque a maioria de nós veio de lares que isso não importava então crescemos achando que isso não é importante. Aprender a sair do jogo de pedir indiretamente o que queremos dando, e aprender que merecemos tanta coisa boa, tanta felicidade e aprender a pedir o que queremos e precisamos.
Okay, agora respira aqui e segura minha mão, se tem uma coisa que eu quero fazer é não te oprimir, eu não quero que você venha aqui me ler e confie em mim e eu te coloque mais um monte de cobranças e nóias na sua cabeça, a industria da autoajuda, autoconhecimento, espiritualidade já tem feito muito disso conosco, muitos modelos a seguir, muitas regras. Pra quem tem perfil de se cobrar isso pode ser veneno. Então eu quero deixar bem claro minha intenção:
1) Quero que você saiba que estou me curando junto contigo.
2) De tudo isso tudo o que eu quero falar em resumo é sobre a gente se amar, e se amar agora tá? Não quando a gente estiver lindas e maravilhosas do suposto outro lado. Eu passei muito tempo achando que me amava porque tava cumprindo o que achava que tinha que fazer ou ser e agora realmente tenho entendido que é sobre se amar agora, com tudo isso, então tamo juntas.
3) Quero que você leia isso e foque em saber (muito!) que você não tem culpa de estar onde está, quero que você se dê colo, muito colo, que você não se pressione pra ir mais rápido e se fizer isso também tá tudo bem. Tá tudo bem em sermos quem somos agora, alias acredito que é basicamente isso: mesmo que queiramos mudar só dá pra se amar agora, e isso basicamente vai deixar as mudanças serem infinitamente mais fáceis. Se amar, não brigar com o agora. E eu sei que não é fácil, não é pra mim, o piloto automático da culpa e cobrança tá ái, e tudo apita ele pra acionar o chicotinho. Mas é esse carinho que podemos nos dar é no agora, e é nós com nós mesmas e isso não significa de maneira nenhuma que não é para não receber de fora, mas significa saber que se pode contar o dentro, com nós mesmas antes de tudo.
Então, quando falarmos disto (de qualquer outra coisa) é disso que eu quero que esse espaço seja, okay? Não sinta que um peso maior foi colocado sobre você, sinta-se por favor, acolhida amada e aceita por estar exatamente onde você tá! Tamo junto. E agora me conta porque foi bom ou não ler esse texto, ou suas dúvidas ou como está sendo pra você. Quero saber tudo pra gente continuar nosso papo!