Dia das mães me faz pensar nestas coisas. Eu não sou mãe. Eu sou filha, então ainda só posso falar desse lugar: Hoje vejo que na etapa em que estamos meu maior presente pra você, mãe, além de toda a gratidão possível, é conseguir ser só filha e te deixar só ser a mãe que você é. E estamos aprendendo. Estamos crescendo, eu e você. Estamos descobrindo juntas o que isso significa conforme vivemos. E talvez os questionamentos abaixo façam parte do meu presente pra ti.
Acredito que ser mãe é o maior trabalho do mundo. E nem imagino o que é ter tido a responsabilidade de ser tudo para um ser nos seus primeiros anos de vida.
Mas ser filha também é confuso pra mim. Dizem que a nossa relação com a mãe é a relação com a vida. E todas as mães são filhas não é? Todas carregam a continuação de histórias de mães e filhas. Então eu me pergunto o que é realmente ser filha? O que é ser mãe? Não ser boa. Não ser boa filha ou boa mãe. Mas sabermos os nossos verdadeiros limites e nossas liberdades nessa relação.
E mais importante me questiono: Que mãe estou sendo pra mim? O quanto sou hoje a minha própria mãe e me dou o que preciso? Nossas mães, como todo mundo é, foram e serão imperfeitas, como nós somos e seremos se formos mãe. Diante disso o que faço comigo? Como eu preencho o que me falta?
Como eu lido com o que ficou em aberto lá de trás? Com a raiva, a culpa inconsciente que ainda dominam tantas partes da minha vida? Eu ainda me culpo pelo que não recebi? Como ainda te culpo mãe? Como eu ainda preciso crescer? E dizer estas coisas é quase como que pecar contra o arquétipo da mãe Maria e essa coisa toda idealizada imaculada.
Então hoje eu só quero ser, cada vez mais, a tua filha, dentro e fora de mim. E conseguir te deixar cada vez mais ser a minha mãe, dentro e fora de mim. E aprender que não preciso te dizer como ser melhor e ser grata de verdade pelo maior presente que recebi: a vida.
Mãe, obrigada ad eternum, por ter se doado, me dado sempre o seu melhor e me apoiar do seu jeitinho. Eu só existo porque você existiu, viveu, amou e se entregou com tudo que podia. Obrigada por ser a mulher phoda que você é e me inspirar tanto a crescer cada dia. Te amo.
Ariana Schlösser.
{E você, queria saber do seu processo: como é pra você ser filha/o? Afinal todos somos não é mesmo?}