Extra, extra, venham todos ver… mas saibam, não é de se olhar.
Não se sabe bem ao certo como,
e não é certo que se possa comemorar ainda,
mas apareceu com muita clareza,
e houve até o exato momento em que me dei conta:
Perai, o que tem de diferente aqui?
Hoje posso dizer com certa certeza e dúvida:
Hoje ganhei alguma nova liberdade.
Ganhei espaço.
Não para ser algo a mais,
mas para deixar de ser um pouco menos.
Menos preocupada, chata, mesquinha, dura, comigo mesma.
E o que será preenchido com esse espaço, novo, não se sabe também.
Porque a liberdade há de ser assim, ela parece só se mostrar vivendo.
Ela não manda cartas de ante mão te avisando que a espere.
A liberdade é de surpreender e como todas as coisas que não controlamos,
ela é maior do que se sabia antes.
Assim como ela chega, o que virá depois dela também é um mistério.
Eu mesma só percebi quando levantei para ir ao banheiro.
Era madrugada, e então eu me dei conta, ao me sentar no vaso:
Eu não estava tão pesada quanto a última vez que havia estado acordada.
Eu estava mais leve, leve de mim.
Ou talvez eu poderia até dizer que mais pesada,
ocupando mais meus espaços internos
e menos espaços imaginários, e deformados,
que eu nunca tive que ocupar,
mas que por algum motivo achava que tinha.
Por algum motivo achava sem nem saber que achava.
Era nova mesmo essa liberdade.
Me pegou de surpresa.
Era nova liberdade chegando.
E se ela ficará não saberia dizer ainda.
Essas coisas são difíceis de mensurar.
Não se sabe há quem rezar para que ela fique.
E só me resta celebrar comigo mesma a alegria solitária
de saber que me fiquei maior de mim.
E talvez ligar para o terapeuta e dizer algo mais ou menos assim:
“Esquece tudo… não era nada daquilo, hoje já sou uma pessoa completamente diferente.”
Talvez esperar que alguém possa notar…
sentir e com muita sorte receber os bons frutos dela também.
Então a todos a quem possa interessar, informo sem precisão nenhuma,
sem certeza e talvez um pouco de pretensão antecipada:
“Hoje sou/fui, menos periogosa a mim mesma!”
E foi de se notar até na madrugada, até no meio do xixi,
bem sentada na privada.
E agora penso que talvez a madrugada e seus silêncios solitários,
sejam uma das melhores provas,
dos momentos em que temos mais espaço para respirar em nós mesmos.